O preço dos ovos tem registrado forte alta no Rio Grande do Sul, refletindo uma combinação de fatores internos e externos. Em apenas 20 dias, a dúzia de ovos brancos passou de R$ 5 para R$ 7,33, um aumento de quase 50%, segundo a Ceasa/RS.
A elevação nos preços não é um fenômeno isolado do estado, mas um reflexo de impactos climáticos, problemas sanitários e oscilações no mercado internacional. De acordo com José Eduardo Santos, presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), vários elementos contribuíram para essa disparada.
As chuvas intensas de 2024 causaram grandes prejuízos à produção avícola no estado, especialmente no Vale do Taquari, uma das principais regiões produtoras.
– Tivemos aviários destruídos, equipamentos comprometidos e uma logística afetada. Isso levou o setor a um estado de cautela, reduzindo a oferta e impactando os preços –, explicou José Eduardo Santos.
Em julho de 2024, um caso sanitário na mesma região levou à suspensão das exportações de ovos para diversos países. “Quando um país enfrenta problemas sanitários, os mercados internacionais reagem rapidamente. Isso fez com que o setor adotasse ainda mais cautela na produção, evitando ampliar a oferta em um cenário incerto”, detalhou o presidente da ASGAV.
O calor excessivo no início de 2025 também prejudicou a produção. “Altas temperaturas afetam o rendimento das aves, tanto as de corte quanto as poedeiras. Com menos ovos sendo produzidos, a oferta diminui e o preço sobe”, afirmou Santos.
A recente crise nos Estados Unidos, causada por um surto de influenza aviária, afetou a disponibilidade de ovos no país e gerou impacto global.
– Quando um grande produtor e exportador como os EUA sofre uma queda na oferta, o mercado internacional busca alternativas, e o Brasil acaba sendo um dos principais fornecedores –, disse Santos. Segundo ele, a falta de ovos nos EUA fez com que os preços subissem rapidamente, influenciando o mercado brasileiro.
Apesar da alta nos preços, o ovo segue sendo uma das proteínas mais acessíveis e tem conquistado novos espaços no mercado.
– Antigamente, o ovo era visto apenas como um alimento básico, mas hoje ele está presente desde a alta gastronomia até a suplementação alimentar para atletas. Além disso, produtos derivados, como a albumina e o ovo líquido, estão cada vez mais populares –, destacou o presidente da ASGAV.
Mesmo diante do cenário atual, a expectativa é de estabilização dos preços ao longo dos próximos meses. “A produção deve se reorganizar gradativamente, garantindo o abastecimento sem que o consumidor seja ainda mais impactado”, concluiu Santos.
Enquanto isso, os consumidores adaptam seus hábitos de compra. Muitos optam por pacotes menores, em vez de bandejas maiores, para minimizar os gastos. O setor segue monitorando a situação para evitar desabastecimento e garantir que o mercado interno continue sendo atendido.