Produtores das regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul tiveram uma colheita de uva menor na safra 2023/2024, por conta do excesso de chuva que atingiu a região na época do plantio e maturação do fruto. Em Frederico Westphalen, no mês de outubro do ano passado, o acumulado de chuvas ultrapassou os 670 milímetros, sendo o mês mais chuvoso da história da cidade. Em novembro a média de precipitação foi de 400mm, e isso afetou as videiras.
Conforme o gerente da Emater regional, Luciano Schwerz, a estimativa de colheita é de oito a nove toneladas de uva por hectare, abaixo da expectativa inicial de 14 toneladas. “Apesar do produtor ter se preparado para enfrentar esses eventos adversos, ele não teve a janela de aplicação dos produtos contra as doenças, o que consequentemente acabou prejudicando a produtividade”, afirmou Schwerz.
Para o produtor Cleverton Perini Ferigollo, o grande volume de chuvas no período de floração prejudicou bastante o desenvolvimento das videiras. Segundo ele, em 27 anos de trabalho com parreiras, foi a primeira vez que concluiu a colheita da uva antes do dia 1º do ano, uma vez que a colheita precisou ser adiantada em cerca de 20 dias.
– O período mais complicado não foi no plantio, mas sim no período de brotação das parreiras, que se iniciou no final de agosto e início de setembro. E a maior incidência de chuva foi durante o período de floração, que é um período muito crítico para o desenvolvimento da planta –, disse Ferigollo.
Além do excesso de chuvas, os produtores também tem relatado uma grande incidência de doenças e pragas nas videiras. Abelhas, marimbondos e mariposas foram observados em grande quantidade nos parreirais, causando danos e obrigando os produtores a fazerem um manejo adequado.
Apesar das perdas, produto é considerado de qualidade
Mesmo com a produtividade comprometida pela grande quantidade de chuvas, a uva colhida na região pode ser considerada de boa qualidade. A situação adversa obrigou muitos produtores a investirem mais em tratamentos e tecnologias, para poder garantir um produto que atenda às necessidades do mercado.
– O que a gente acabou fazendo é investindo numa levedura um pouquinho melhor, importada, daí a gente acabou gastando um pouquinho mais na tecnologia para a produção dos vinhos. Então eu usei uma enzima boa, usei uma levedura importada, um ativante de fermentação de melhor qualidade, tudo isso para que a gente consiga manter o padrão do vinho –, destacou Cleverton Ferigollo, que além do vinho investe também na produção de chopp.
No Rio Grande do Sul, foram colhidas cerca de 720 mil toneladas de uva na safra 2023/2024, segundo dados da Emater e Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).