Os últimos cinco anos têm sido devastadores para o agronegócio gaúcho. Eventos climáticos extremos provocaram perdas acumuladas de mais de R$ 92 bilhões no setor agrícola entre 2020 e 2025. Somente em 2024, as enchentes afetaram diretamente mais de 200 mil propriedades rurais, gerando um prejuízo de R$ 4,1 bilhões apenas na agricultura.
Diante desse cenário crítico, a sede da Famurs foi palco de uma grande mobilização em defesa do setor primário gaúcho nesta segunda-feira (17/06). O encontro reuniu prefeitos, vice-prefeitos, parlamentares estaduais e federais, representantes de entidades como Farsul, Fetag-RS e Fecoagro, além de integrantes do Governo do Estado. As discussões ocuparam tanto o auditório quanto o estacionamento da Federação.
O principal resultado da mobilização foi a elaboração de dois documentos estratégicos:
Carta aberta ao Governo Federal – O documento cobra ações emergenciais e estruturais para enfrentar o alto nível de endividamento rural. Entre as medidas propostas estão:
Alongamento dos débitos dos produtores rurais por 20 a 25 anos, com juros limitados a 3%;
Criação de um fundo garantidor para operações de crédito rural;
Ampliação de linhas de financiamento com juros subsidiados;
Investimentos em infraestrutura de armazenagem e irrigação;
Facilitação da importação de insumos.
Relatório executivo da mobilização – Elaborado com apoio de Inteligência Artificial, o relatório reúne os principais dados apresentados, os riscos iminentes de colapso da produção agrícola e as estratégias apontadas pelas lideranças para superar a crise. O material servirá como subsídio técnico e político para os prefeitos gaúchos nas próximas etapas de negociação.
Durante o ato, a presidente da Famurs, Adriane Perin de Oliveira, fez um apelo à união das forças políticas:
“Chegou a hora de deixarmos de lado as diferenças ideológicas e partidárias e nos unirmos em torno de uma causa maior que qualquer disputa: a sobrevivência do agricultor e a economia dos nossos municípios e do nosso estado. O Rio Grande vive uma realidade dura, marcada por perdas sucessivas no campo. Não é hora de apontar culpados. É hora de apontar caminhos. E ele precisa ser coletivo. O caminho é o alongamento das dívidas, que não é perdão”, destacou.
Segundo levantamento da área técnica da Famurs, desde 2020, a União reconheceu 2.895 decretos municipais de situação de emergência ou calamidade pública no Rio Grande do Sul, evidenciando a dimensão da crise climática que assola o estado. Só as enchentes de 2024 já somam R$ 12,2 bilhões em prejuízos gerais, sendo R$ 4,1 bilhões apenas na agricultura.
A mobilização na Famurs marca o início de uma nova fase de articulação entre municípios, entidades do setor primário e governos em busca de soluções efetivas para salvar a produção rural gaúcha.