A perícia identificou que o arsênico encontrado no bolo que causou três mortes em Torres, no Litoral Norte, estava depositado na farinha usada no preparo da sobremesa.
Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (6), a diretora-geral do Instituto-Geral de Perícias (IGP), Marguet Inês Hoffmann Mittmann, afirmou que foi descartada a possibilidade de contaminação natural ou que algum ingrediente estivesse estragado.
No domingo (5), a suspeita do envenenamento foi presa temporariamente pela Polícia Civil. Trata-se da nora de Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61 anos. A mulher fez o bolo e segue hospitalizada. O nome da investigada não foi divulgado pela polícia, mas Zero Hora apurou se tratar de Deise Moura dos Anjos. O marido dela, filho de Zeli, não é investigado.
A diretora do IGP explica que os níveis de arsênico encontrados nas amostras de sangue, urina e conteúdo estomacal de três vítimas — Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos — são tão elevados que são considerados tóxicos e letais.
Segundo o delegado Marcos Vinicius Veloso, responsável pela investigação, embora a família tivesse uma convivência pacífica, havia pequenas desavenças envolvendo a presa.
Questionado sobre o motivo da desavença, o delegado disse que não poderia dar mais detalhes para não atrapalhar as investigações, mas caracterizou o conflito como "desproporcional" ao crime.
O secretário de Segurança do Estado, Sandro Caron, afirma que há "provas robustas" de autoria do crime por parte da suspeita.
A polícia confirmou que a farinha estava na casa de Zeli, que fez o bolo, mas diz que as investigações não apontam para ela como responsável pela contaminação.
Segundo a polícia, no dia 23 de dezembro havia sete pessoas no local onde o bolo foi consumido. Apenas uma delas não foi hospitalizada.
As informações foram fornecidas na manhã desta segunda-feira (6), durante coletiva de imprensa concedida em Capão da Canoa, no Litoral Norte.
Deise Moura dos Anjos foi detida por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e uma tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.
As qualificadoras são motivo fútil e emprego de veneno. Ainda é apurado se houve dissimulação, o que seria uma terceira qualificadora, segundo delegado esclareceu na entrevista coletiva.
A prisão foi coordenada pela equipe do delegado Marcos Vinicius Muniz Veloso, de Torres. Buscas foram feitas na casa de Deise, mas a polícia não divulgou o que foi encontrado no local.
O que diz a defesa de Deise Moura dos Anjos:
Por meio de nota, os advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza informaram que a equipe "não teve acesso integral a investigação em andamento".
Leia a nota abaixo na íntegra.
Caso bolo envenenado
Deise Moura dos Anjos, presa temporariamente por suposto envenenamento no caso do bolo, na cidade litorânea de Torres/RS, vem a público manifestar que possui defesa constituída, representada pelos advogados Manuela Almeida, Vinícius Boniatti e Gabriela S. Souza.
Até o presente momento, 06 de Janeiro, às 07hrs, a defesa prestou atendimento em parlatório à cliente, contudo, não teve acesso integral a investigação em andamento, razão pela qual se manifestará em momento oportuno.